Infinitos são os títulos de auto-ajuda que se fazem presentes em nossas cabeceiras, o antigo romance da banca mais próxima foi substituído pela necessidade de ser feliz, pela falta de auto-estima.
Nossa sociedade insiste em criar a imagem de máquinas humanas: seres perfeitos, seguros e indestrutíveis. Essa mensagem nos é passada e se choca com nossa natureza de borboletas indecisas em "ser ou não ser": quem sou, lagarta, crisálida, borboleta?
Precisamos aceitar as mudanças q sofrem o espírito e o corpo durante a vida, aceitando-nos plenamente. Mas, e quando fugimos do estereótipo? ...
Quando me descobri homossexual, minha auto-estima foi a zero, ou melhor, a mil negativo. Eu não me suportava: como permanecer no mesmo corpo com alguém que não me é conveniente?
Pela minha pouca auto-estima, eu me afirmava a todo tempo, precisava da adimiração dos outros para ver as qualidades que, só, eu não conseguia. Eu me amava apenas quando outro me amava, através de elogios. A sustentação de meu "eu" estava no próximo, não em mim, o que é o mesmo de não possuir base alguma, castelo de areia. No fundo, eu me sentia uma incapaz, rebelde sem causa e inferior às minhas amigas.
Mudei, cresci.
Descobri que o amor próprio é o maior bem e é onde fundamenta-se nossa verdadeira felicidade.
"Ame ao próximo como a si mesmo"
Como amar ao próximo se eu não me amo?
Amor é entrega. Não só de corpo, mas principalmente de alma. Não existe meio termo: não é possível pisar apenas com um pé nesse terreno, pois logo já estamos com as duas pernas, os braços, os olhos, a mente e o coração.
Se meu "eu" não tem fundamentos, como vou entregá-lo a alguém?
Fundamentar-se não quer dizer ter ideias rígidas, mas sim, ter segurança para "ser" livremente. É a aceitação de nossa eterna metamorfose ambulante:
.."Eu prefiro serEssa metamorfose ambulanteEu prefiro serEssa metamorfose ambulanteDo que ter aquela velha opinião formada sobre tudoDo que ter aquela velha opinião formada sobre tudoEu quero dizerAgora o oposto do que eu disse antesEu prefiro serEssa metamorfose ambulanteDo que ter aquela velha opinião formada sobre tudoDo que ter aquela velha opinião formada sobre tudoSobre o que é o amorSobre o que eu nem sei quem souSe hoje eu sou estrelaAmanhã já se apagouSe hoje eu te odeioAmanhã lhe tenho amorLhe tenho amorLhe tenho horrorLhe faço amorEu sou um atorÉ chato chegarA um objetivo num instanteEu quero viverNessa metamorfose ambulanteDo que ter aquela velha opinião formada sobre tudoDo que ter aquela velha opinião formada sobre tudoSobre o que é o amorSobre o que eu nem sei quem souSe hoje eu sou estrelaAmanhã já se apagouSe hoje eu te odeioAmanhã lhe tenho amorLhe tenho amorLhe tenho horrorLhe faço amorEu sou um atorEu vou desdizerAquilo tudo que eu lhe disse antesEu prefiro serEssa metamorfose ambulanteDo que ter aquela velha opinião formada sobre tudoDo que ter aquela velha opinião formada sobre tudoDo que ter aquela velha opinião formada sobre tudoDo que ter aquela velha velha velha velha velhaOpinião formada sobre tudoDo que ter aquela velha opinião formada sobre tudo"(Raul Seixas)
Hoje já consigo olhar diretamente meu reflexo ao espelho. Gosto de garotas? Sim, gosto. Sou lésbica? Não sei! Mas, e daí? Cansei de rótulos! Meu amor próprio não pode ser sustentado por apenas alguns adjetivos. Sou mais complexa do que supõe os liguistas!
Volto a me adimirar ao espelho: eterna crisálida...
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