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domingo, 28 de fevereiro de 2010

"Um burro vai devagar"

Cidadezinha qualquer
(Carlos Drummond de Andrade)
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Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar
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Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.
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Eta vida besta, meu Deus.
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A partir de semana passada, estabeleceu em minha vida uma grande paz monótona.
Viver é um trabalho rotineiro, grandes abalos causam mortes internas e renascimentos para novas rotinas.
Penso: "Matemática, química, física, biologia..." Pensamentos tranquilos e frágeis, agarro-me a eles por amor: não quero terremotos: que fiquem no Chile! Longe daqui, longe de mim!
Em momentos de minha vida como esse é que me assemelho a quem sou. Não fui criada para ser triste e constantemente racional, preciso do instinto, do dia que se sucede ao outro, sem noites de lua nova. Gosto da luz, pois sou criança, tenho medo do escuro. Para enfrentar um caminho tateando no escuro da verdade é preciso ser forte, mas sou fraca, por isso, crio ilusões como a de agora: a invenção da luz elética, a luminosidade falsa e amarela.
Minha mãe acaba de me intimar a dormir. Amanhã tenho um dia cheio: cabeça cheia oficina de nada! Vá para o diabo todos os traumas e pensamentos complexos! Por enquanto, deixe-me viver, sonhar apenas! Sonhar em nunca abandonar a rotina enfadonha e delicada de estudante.
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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Dor




Você já se sentiu como se tudo estivesse muito errado, mas sem culpa? Você já se sentiu como um pássaro enjaulado e frustrado, por não ter culpa e saber disso, mesmo assim sofre. Você consegue imaginar a dor que vem do peito até a garganta e nos entala e adoece por causa de coisas dentro e fora de nós que nos fazem mal e não somos responsáveis por elas e nem podemos evitá-las. As vezes você se convence de que tudo o que você é está bem com você, até que alguém se incomode co uma parte desse todo-você e você queira que essa parte inconveniente saia. Mas, imagine você pela metade? Ainda vai se sentir completo? É melhor a confusão de não agradar que a falta de um pedaço do seu ser. E as coisas ao redor? Como parar a dor de ver a dor nos olhos do outro? Já sentiu a dor de saber que sofrem os outros e que não é sua culpa, mas você sente essa dor, provocando-lhe mais dor. Dói, dói estranho, diferente da culpa, da pena, do sofrimento comum. Parece que não é seu. Parece que se encaixou perfeitamente onde não havia lugar para ela. Que dor é essa?

sábado, 20 de fevereiro de 2010

"Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante..."

"O poder de ser feliz: 9 dias", "Aprenda a viver em 7 passos e a morrer em apenas 1", "Amadurecimento instantâneo para gregos e troianos", etc.

Infinitos são os títulos de auto-ajuda que se fazem presentes em nossas cabeceiras, o antigo romance da banca mais próxima foi substituído pela necessidade de ser feliz, pela falta de auto-estima.
Nossa sociedade insiste em criar a imagem de máquinas humanas: seres perfeitos, seguros e indestrutíveis. Essa mensagem nos é passada e se choca com nossa natureza de borboletas indecisas em "ser ou não ser": quem sou, lagarta, crisálida, borboleta?
Precisamos aceitar as mudanças q sofrem o espírito e o corpo durante a vida, aceitando-nos plenamente. Mas, e quando fugimos do estereótipo? ...
Quando me descobri homossexual, minha auto-estima foi a zero, ou melhor, a mil negativo. Eu não me suportava: como permanecer no mesmo corpo com alguém que não me é conveniente?
Pela minha pouca auto-estima, eu me afirmava a todo tempo, precisava da adimiração dos outros para ver as qualidades que, só, eu não conseguia. Eu me amava apenas quando outro me amava, através de elogios. A sustentação de meu "eu" estava no próximo, não em mim, o que é o mesmo de não possuir base alguma, castelo de areia. No fundo, eu me sentia uma incapaz, rebelde sem causa e inferior às minhas amigas.
Mudei, cresci.
Descobri que o amor próprio é o maior bem e é onde fundamenta-se nossa verdadeira felicidade.
"Ame ao próximo como a si mesmo"
Como amar ao próximo se eu não me amo?
Amor é entrega. Não só de corpo, mas principalmente de alma. Não existe meio termo: não é possível pisar apenas com um pé nesse terreno, pois logo já estamos com as duas pernas, os braços, os olhos, a mente e o coração.
Se meu "eu" não tem fundamentos, como vou entregá-lo a alguém?
Fundamentar-se não quer dizer ter ideias rígidas, mas sim, ter segurança para "ser" livremente. É a aceitação de nossa eterna metamorfose ambulante:
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"Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Eu quero dizer
Agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
Eu vou desdizer
Aquilo tudo que eu lhe disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha velha velha velha velha
Opinião formada sobre tudo
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo"
(Raul Seixas)
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Hoje já consigo olhar diretamente meu reflexo ao espelho. Gosto de garotas? Sim, gosto. Sou lésbica? Não sei! Mas, e daí? Cansei de rótulos! Meu amor próprio não pode ser sustentado por apenas alguns adjetivos. Sou mais complexa do que supõe os liguistas!
Volto a me adimirar ao espelho: eterna crisálida...
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Um monte de coisas que eu queria desabafar e não posso...

AH! Como a convivência é difícil! Incomoda e inquieta quando tentamos apaziguar e acabamos por eclodir numa guerra! AH! Se tudo que sentimos e pensamos pudesse ser metamorfoseado em palavras e em poesia clara e limpa, tal qual as parnasianas o faziam com a natureza morta. Haverei de questionar, contradizer-me, sofrer, me desentender e brigar inutilmente para concertar um texto mal falado, mal remendado e, por fim, mal entendido.
Me pergunto onde comecei a me diferenciar no aspecto sexual, porque de resto sempre fui diferente. Talvez depois da queda das figuras de pai e mãe perfeitos e indestrutíveis, talvez mais depois, com a primeira mulher mais velha e bonita, independente, decidida, artista, professora... Talvez mais depois ainda, com filmes, vídeos, roupas, brincadeiras entre amigas, enfim, a questão talvez não seja por que eu fui propicia a ser gay, ou porque eu aceitei o fato depois de crises existenciais por mais de 2 anos, alguns julgam pouco, eu julgo demais. Eu nunca fui preconceituosa com relação a quase nada, nunca aceitei conceitos prontos, sempre quis adotar os que me pareciam mais lógicos, apesar de ser péssima em exatas, sempre que não encontrava tais conceitos eu os elaborava eu mesma, para meu uso e compreensão das coisas relativas à vida humana. Sim, eu me sinto deslocada da vida humana, não porque sou lésbica, mas porque sou sismada com tudo que vejo e que ouço. Eu pergunto demais, às vezes até besteira, sou teimosa, MUITO!
Me apaixonei por uma mulher lésbica, bonita do seu jeito. Sofri, abdiquei pois, não era o bastante. Não compensava o sofrimento. Era doloroso ver que a vida dela era terrível devido à sua própria imagem firmada. Será que é mais fácil já nascer com todos os adultos vendo que você está no corpo ''errado'' ou será que mais fácil é encontrar-se dentro de uma boneca adequada e bem situada no seu corpo ''certo'' com hábitos ''certos'' e paradoxalmente tendenciosa-mente desviada? Era e é, doloroso ver sua Mãe descredibilizá-la, mentir para seus irmãos e seu Pai, isso tudo porque vc namora uma estranha ... Eu jamais sobreviveria num relacionamento sem alicerces. Isso porque sou jovem, sou confusa, não estou pronta, nem vou me apressar para provar a alguém sobre quem eu sou.
TUDO VALE A PENA SE A ALMA NÃO É PEQUENA
Fernando Pessoa Não me arrependo do que fiz, nem do que sou.
Choro... Não por estar infeliz, mas por medo do futuro. Não por estar sozinha, pois, apesar de tudo, tenho sorte, sou cercada de Amor, de Mestres, de Pais. Choro por medo do inevitável, do desconhecido, dos enganos da vida, dos amores doentes, dos amores fracassados, CHORO COPIOSAMENTE, não por me sentir suja, mas por me sentir frágil. É, as vezes tomamos poemas como nossos, porque parecem nossos. Poemas são a recorrência mais fácil dos desesperadamente emocionados.
Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente...
Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.
Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.
Até onde posso ir para te resgatar?
Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade...
De me inventar de novo.
Desculpa...se te olho profundamente,
Rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.
A ponto de ver a estrada...
Muito antes dos seus passos.
Eu não vou separar as minhas vitórias
Dos meus fracassos!
Eu não vou renunciar a mim;
Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.
Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente."

Eu e ela nos confundimos neste verso, não sou eu nem é ela, mas parece com nós duas juntas.
E já que já me estendi por demais, deixo um poema de toquinho, que parece meu, e parece comigo, parece com os Mestres que passaram e passam pela minha vida, portanto, nada mais justo que dedicá-lo à mim mesma e à eles!

Tem dias que eu fico pensando na vida
E sinceramente não vejo saída
Como é por exemplo que dá pra entender
A gente mal nasce e começa a morrer
Depois da chegada vem sempre a partida
Porque não há nada sem separação

Sei lá, sei lá
A vida é uma grande ilusão
Sei lá, Sei lá
A vida tem sempre razão

A gente nem sabe que males se apronta
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe
E o sol que desponta tem que anoitecer
De nada adianta ficar-se de fora
A hora do sim é o descuido do não

Sei lá, sei lá
Só sei que é preciso paixão
Sei lá, sei lá
A vida tem sempre razão


Candy, me desculpe usar este espaço para falar de outra Mulher que não é você, mas eu não tenho argumentos, só isso que deixei nas linhas anteriores e minha fé na sua compreensão.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O "h" mudo: seu caráter

Bom dia! Hoje é um típico feriado em que não viajo: levanto e almoço tarde, fico de pijamas até a noite, não faço naaaaaada, apenas navego na net e viajo na maionese com coisas que eu penso às vezes.
Por exemplo, estou pensando sobre o que é o caráter. O que é ser mau ou bom caráter? Onde se encontra o limiar entre esses opostos?
Sempre fui vista como uma boa influência, alguém que os pais desejam que seus filhos sejam amigos, creio que os pais gostam mais de mim do que minhas próprias amigas. Entretanto, desde que a mãe de uma amiga descobriu sobre minha homossexualidade sou vista por ela como má influência, ruim companhia.
O caráter é tudo o que somos e tentamos ser, logo é nossa essência e dissimulações. É o "nós" pleno.
Sou um caractere em um gigantesco texto que tem as dimensões de toda a humanidade. Tenho minha sonoridade que se altera conforme à palavra em que me faço presente. Há uma história que envolve minha importância naquela construção, posso originar-me do latim ou do grego, mas origno-me.
O caráter do caractere "h" mudo.
Estou presente em "homem", "história", "histologia", "homossexualidade"... Já pertenci a "úmido", com o passar da vida e suas vicissitudes perdi minha característica delgada e doce.
Característica... O que compõe o caráter são as caraterísticas.
Ser gay é sinal de falta de caráter?
Todas as formas de adjetivos são neutros, o que os tornam bons ou ruins é a subjetividade. O mundo é relativo, pois!
Para a mãe de minha amiga ser gay é feio e vil, para ela sou mau caráter. Péssimo caráter!!! Mas, e daí? Eu não me acho tão má, logo tenho um paliativo ao preconceito de nossa hipócrita e hipocondríaca sociedade.
Viva a ímpar "umanidade"! - Nossa, como o caráter do "h" faz falta! - Correção: Viva a ímpar humanidade!


As alegrias de estar sozinho/ Uma vida mansa

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive


Muitas vezes a vida é como uma espiga (?) Sim! Uma espiga! Cada gomo deve ser fertilizado, um de cada vez, para que amadureça um milho completo, perfeito e bem alinhavado, sem falhas na vestimenta de ouro. Cada linha, cada gomo, é o fruto de um trabalho delicado e minucioso, estão todos agrupados na espiga, mas cada um tem a sua história, um longo caminho a percorrer, depois da colheita eles irão se separar, alguns virarão pães, bolos, farinha ou óleo, partes deles podem se reencontrar, ou se perder, mas a existência não é uma coisa controlada, perfeitamente escrita em folhas pautadas, a existência é perene e efêmera, bordada com linhas coloridas em ponto de cruz. Se duas pessoas estiverem realmente destinadas a se encontrar, o mundo tecerá as linhas das suas vidas para que se encontrem.

Às vezes a melhor coisa é passar o dia sozinha, amando a si mesma, comprando um presente para si mesma, se dando conta de como você é especial e como o mundo é melhor porque você faz parte dele e o admira. As vezes a melhor coisa é não fazer nada, não desejar nada, apenas agradecer, pelos nossos pais, pelas nossas vidas, pelo nosso corpinho imperfeito, mas que funciona muito bem. As vezes vale muito mais estar solteira e poder tomar banho a hora que quiser sem esperar um telefonema ou um e-mail, saber que você está livre e não está atada a ninguém. Seu fio dança com o vento, sem se enroscar em nenhum outro. Você se sente uma boneca de pano essencial. Nada melhor do que passar o tempo com você mesma.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Valentine's day

Olá internautas,
Essa é a segunda vez que tento escrever esse post, o assunto lateja em minha cabeça na forma de uma terrível enxaqueca, não consigo expressar por palavras o embargo de razão que estou sentindo.
Hoje é valentine's day e, como sempre, estou sozinha. Tive grande expectativa para esse dia e todo o carnaval. Pensei que seria minha libertação, meu primeiro beijo gay que estaria a caminho. Não, pois esse está a caminho de Passárgada, que, tenho certeza, é muito longe daqui.



"Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei"
(Manuel Bandeira)



Minha amiga bi está na cidade. Do outro lado do mundo.
Chegou com um dia de atraso (o que só aumentou minha ansiedade), mas não veio realmente. Telefonou-me dizendo coisas banais, não o que eu queria ouvir. Tudo bem. Chamei-lhe para ir numa festa hoje a noite, a mãe não o deixou (pois sabe sobre minha homossexualidade e, digamos, desde então não é minha fã número um!). Pedi para falar com nossa algoz, ela não se dignou a ir ao meu encontro do outro lado da linha do telefone!
Ótimo! Estou me sentindo um lixo... Por que tanto preconceito? Nós somos amigas há anos!
Não sei se ela retornará a ligação, se conseguirá convencer a mãe.
Em toda essa história, pelo menos, há um ponto positivo: descobri como minha mãe é maraaaa!!! Ela disse q me apoiaria caso eu arrumasse uma namorada, ajudaria-me a até ter oportunidades de ficar com ela aqui em casa. Definitivamente, mamis é a melhor mãe do mundo!
Queria mesmo era ter a milk do meu lado, ela sim me completa, não essa amiga doida e bi que possivelmente compartilhará comigo meu primeiro beijo gay. Queria tanto que fosse com a milk...
Em algum valentine's day do futuro, tenho certeza, comemorarei do lado de quem eu quero e não mais sozinha, como hoje.


s2

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010


Boa tarde! Eu estou doente denovo. Minha garganta dói e eu n consigo respirar direito. Acho que é outra gripe, pq os sintomas sao diferentes, no fever, cabeça doendo e cansaço.

O ócio, a ausência de algo que nos intretenha, a falta de interação, essas coisas levam as pessoas a sairem do padrão comportamental de cada um. Nos tornamos estressados, agressivos e inconstantes, porque não temos o poder de nos afastar de uma perturbação com trabalho, pessoas conhecidas, ou distrações. Falo de uma experiência um tanto quanto BigBrother da vida real. Na nossa vida, há momentos em que temos que encarar nossos problemas e tentar entendê-los, solucioná-los, para que possamos continuar a andar.
Dentro de uma família, nós temos um BigBrother particular, onde estamos constantemente convivendo com os outros integrantes do grupo, numa mesma casa, dividindo trabalhos domésticos, o que nos permite ver inteiramente uma pessoa, conhecer todos os seus hábitos, aprender a passar por cima de coisas das quais discordamos para conseguir conviver em harmonia. Harmonia é uma palavra rara em famílias. Isso porque, nós, seres humanos, julgamos constantemente um ao outro, rotulamos e criamos personagens para as pessoas. Até mesmo aquelas que dormem na mesma casa e comem as mesmas refeições.
No BigBrother nós nos damos ao luxo de julgar as pessoas e rotulá-las sem nos preocuparmos com o quanto nossos julgamentos nos atingirão, fazemos como na vida, só que de forma escancarada, afinal aquelas pessoas não tem vínculo real e recíproco conosco, para nós, são como personagens de uma novela. Analisamos, comparamos, julgamos e julgamos e torcemos para aquele que mais se parece conosco, ou que consideramos um ''bom exemplo'' de pessoa. Podemos até julgar que uns precisam mais do que outros, mas até que ponto conhecemos aquelas pessoas? Até onde somos corretos em nossos julgamentos? Em casa, com as nossas famílias, poucas vezes nós realmente resolvemos os impasses do dia a dia e as diferenças pessoais. Deixamos passar, porque somos ligados por algo maior que os julgamentos. Não temos como saber como cada indivíduo enxerga o mundo, nem como anda sua alma, portanto, julgamos a partir de nós mesmos e somos julgados a partir dos outros, discordamos eternamente, eternamente nos amamos e criamos laços na discórdia.
Me pergunto se tudo isso é por acaso, olho para meu pai e meu irmão e pergunto por que estou aqui com essas pessoas, imagino que isso não poderia ser diferente, eu não poderia estar em outro lugar, pois é aqui neste jogo que eu entrei. E não foi por acaso, foi uma escolha, foi o lugar que eu escolhi estar. Então vou jogando esse jogo louco, onde brigas sintonizam mais e silêncios provocam inquietude, esse jogo louco, onde cada um tenta fazer o melhor possível para alcançar o grande premio, mas não consegue deixar de ser o que intimamente somos, a essência imutável de nós mesmos, vestida de costumes locais e hábitos familiares, remendada com linhas diversas de momentos vividos, feias ou belas, mas destoantes. Entretanto, nua, a essência está lá, arrumando as roupas o melhor que pode, para que caibam no seu biotipo, mesmo que contra os olhares alheios, mesmo que de maneira ridícula, mesmo que escondida de si mesma, ela luta, e prevalece.

Milk:.. Em Momentos de Reflexão...